Wednesday, December 24, 2008



Porque é Natal…

Ele veio.
Não sei se foi em Dezembro
se foi cercado de cores
de mesas postas,
presentes ou sabores
mas sei que veio.

Era o Eterno,
o Deus do universo
que "invadia" o natural
o cotidiano… o temporal,
num bebé pequenino
apenas um menino
era Natal!

Ele veio!
Escondido entre
os panos do improviso
protegido por mangedoura
braços humanos, peito…
Emanuel,
Deus connosco
O sentido do Natal!

Ele era o Verbo
E tal qual luz que invade trevas
Brilhou...e encantou
Estrela da Manhã,
Deus que resplandece
Fez renascer, deu vida
Transformou…

Ele veio…
E tal qual Cordeiro levado ao matadouro
O Grande “Eu Sou”
Foi pendurado num madeiro.
Porque me amou... e se entregou.
Dando vida ao meu Natal…

E porque Ele vive
Desejo-te um Feliz Natal!

Arlete Castro
22/12/2008

Menina


Rodopia menina
desabrocha em sorriso
não deixa que o tempo,
esse atrevido
te roube os sonhos,
a tua saia rodada
e as tuas bochechas coradas
de ternura e acalanto.

Não deixa brotar o pranto
guarda o amor numa caixinha
salta, voa e faz trancinhas
toca na terra, se suja
brinca de roda, vai se esconder
e segura o sol pra ele não nascer.

Faz sonhar tua boneca
como se fosse um bebê.
antes que a vida repentina
te leve para bem longe
e te esqueças que és bailarina...

Ri pequena menina
inunda com este sorriso rasgado
o mundo que te passa ao lado,
faz de conta que és Margarida
e vives num jardim ensolarado
e tal qual bela adormecida
sonha com teu príncipe encantado.

Rodopia pequena menina
e espera um pouco
deixa que eu te pegue no colo,
te faça mais uma vez adormecer
e te embale no teu sono
antes de por fim crescer...


Arlete Castro
01.12.2008

Saturday, December 13, 2008





Uma oração em Tempos de Natal

Senhor...
É Natal você sabia?
Vê? A volta está tudo enfeitado
de verde, vermelho, prata e dourado.
Há árvores pequenas e grandes.
Gente agitada, atarefada...
Afinal é Natal.

Senhor!
Vê? Cada um escolhe um presente
Abraçam-se, enlaçam-se
Fartam-se
Mas de que?

Senhor...
Silêncio!
Há um sino a dobrar
É Meia Noite
É tempo de reverência
Alguém canta uma canção
A mesma, sempre igual.
Afinal outra vez é Natal!

Senhor!
Ouça? Falam de noite feliz
Do Deus menino
Da Estrela de Belém
Mas à quem?
À crianças e velhos
À essa gente sorridente
Mas de coração carente.
Sedentos de você!

Senhor!
Olha! Há um presépio iluminado
Luzes brilham por todo lado
Há uma manjedoura e um bebé
Animais espalhados
E até a singeleza dos pais
Só não se vê iluminado
O olhar ofuscado
De quem não conhece você

Senhor!
Vê? A cidade dorme
Entre embrulhos rasgados
Vidros quebrados
E lágrimas que esperam
O sorriso se cansar
E a festa acabar.

Senhor,
Olha... São rostos cansados,
Sonhos despedaçados
A espera do amanhecer!
Mas o que não sabem
É que na verdade
Seus corações anseiam por você.

Senhor, vem... é Natal!
E quase ninguém sabe o porquê...

Arlete Castro
Todos os Direitos Reservados

Redescobrindo o Natal

Resolvi sair pelas ruas
Neste Dezembro gelado
Vi luzes de muitas cores
Vi um brilho sem igual.
Vi o menino no berço
Vi a barba do velho
Vi as cores do Natal

Vi gente que festeja
Que se prepara para festa
Que sonha com a mesa farta
Que compra presentes
E que faz plano pro Natal

Vi também olhos pequenos
Que quase não eram vistos
Maltrapilho, com frio
pequenas mãos estendidas
desejando ter um Natal

Vi também uma estrela
Que me levou à muitos lugares
Vi de perto a estrebaria
e uma manjedoura vazia
e perguntei preocupada
onde estaria o menino
que é o símbolo do Natal

Levou-me então a estrela
a procurar o pequeno,
disseram-me te-Lo visto
mas já não era tão frágil
andava aqui e ali
ensinava muitas coisas
e as pessoas o seguiam
sem saber que Ele era
o sentido do Natal

E na minha caminhada
Andei por muitos lugares
Perguntei à multidão
Onde estaria o menino
Onde estaria o meu Natal

- No Gólgota - foi a resposta
- Pendurado num madeiro

e lá fui eu procurá-lo
mas qual não foi a minha surpresa
ao constatar que de verdade
o Deus pequenino
já não era mais um menino
Crescera tanto,
Conduzira tantos
Amara tanto
Que O Mataram num madeiro
Aparentemente apagando
Todo o sonho de Natal

Mas de repente, com uma luz
E um brilho sem igual
Em meio a glória jamais vista
Vi o Deus que não é menino
Tocar as mãos estendidas
Do pequeno maltrapilho
Que queria Ter um Natal

Entendi naquele dia
Que nem manjedoura e nem cruz
Poderiam deter aquele
Que veio ao mundo por amor
Dar sua vida, para que eu,
o menino maltrapilho
e cada um deste mundo
pudessemos Ter um Caminho
e para que pudessemos entender
Porque comemoramos o Natal

Arlete Castro

Saturday, October 4, 2008

Razão




Razão

Busquei sentido em cada olhar que encontrei
Vaguei entre montes, vales, lugares
Vi crianças pequenas de pele morena, sem mãe
Vi meninos de olhos claros,
perdidos interrompidos, sem chão
Vi uma barriga crescer, um sonho gerado,
inacabado, frustração...
Vi homens cansados, esfomeados, em busca do pão...
Vi uma lágrima a rolar do rosto da menina,
inocência roubada, corpo ferido, solidão...
Vi um mundo tristonho, sem esperança
sem sonho, pura exaustão.
Vi uma flor num jardim, um pássaro
e um alecrim, seria ilusão?
Vi o amor uma semente, latente,
brotando paixão...
Vi Deus tocando seu mundo, o homem,
o belo , perfeita criação...
Vi-O encarnado, cansado, crucificado, verdadeira paixão...
Vi-O vivo outra vez, ressurrecto, completo,
Revivendo a semente, latente, eis enfim a razão.

Friday, August 29, 2008



Escuridão

Num momento a luz se desfez
as trevas densas decretaram escuridão
e na presunção de quem quer prevalecer
o breu assentou pedras e argamassas
para impedir a luz de renascer...

E a multidão como cegos se tornou
tateando entre paredes invisíveis
e caminhando sem saber se havia chão.
ou qualquer saída para tal desolação.

E como a cegueira ensaida do escritor(*)
sem ver, cada um tentava o seu favor
nem coração e nem paixão os inspiravam
e a religião não consolava o esturpor
que a escuridão impunha, revelando toda dor.

Buscavam meios de encontrar uma saída
cada um em busca de si mesmo
enquanto no escuro
de uma eterna noite sem estrelas
o pior e o melhor deles aflorava
despindo a emoção que incomodava.

Até que a escuridão tornou-se um hábito
Ninguém via, mas já não importava
aprenderam a viver na solidão
e esqueceram a claridade
habituados que estavam à escravidão.

E quando luz finalmente resplandeceu
Era tão forte e estonteante que brilhava
e ofuscava olhos cansados de não ver
mas que preferiam continuar cegos
do que deixar a luz prevalecer.

Afinal era mais fácil a servidão
do que a rectidão
que a luz lhes revelava
mudar o rumo e deixar cair a escama
e renascer das densas trevas
que escondiam toda lama.

Mas para quem acreditou que a luz era possível
um Caminho dantes quase inatingível
se revelou renovando a esperança
mostrando das trevas toda a devassidão
e da luz toda a sua imensidão.

"Nele estava a vida e esta era a luz dos homens. A luz brilhava nas trevas, e as trevas não a derrotaram". (João 1:4,5)

Arlete Castro
29/08/2008

Todos os Direitos Reservados

(*) Alusão ao "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago

(**) Foto: Autor Nuno Ramos

Wednesday, August 20, 2008

The Shack by William P. Young. Um livro sensacional que acabei de ler. Este livro fala do encontro com Deus. Fala de restauração e cura e da doçura de um encontro que apesar de tocar no mais profundo da dor, é restaurador e renovador. Um final de semana que marcou a vida do personagem principal, Mackenzie. Estou certa que este livro foi uma maneira de Deus encontrar meu coração, neste momento específico da minha vida.
Recomendo vivamente e soube que ele acabou de ser lançado em português pela Editora Sextante com o título "A Cabana"
Não deixem de ler. Além de tudo é encantador e profundamente doce...

Wednesday, August 13, 2008

Poeta é o seu Nome

Andava eu meio perdida,
Em busca de direcção
Quando vi ao longe uma sombra
de alguém que escrevia
com um graveto no chão

Curiosa quis saber
Quem era o tal senhor.
Fui chegando de mansinho,
Meio tímida, meio audaz
E perguntei-lhe baixinho
Quem era ele afinal

O homem mirou-me por um instante
E o seu olhar continha um brilho
Que não era habitual
Era de um verde brilhante
Aquele olhar penetrante
Que via além do natural

Olhou-me sem nada a dizer
E enquanto escrevia, foi-me
dizendo entre letras
Que era conhecido apenas
Por “Poeta”
e por poesias escrever

Perguntei então ao Poeta
“O que te inspira meu senhor”
Ele não respondeu, mas com gestos
decididos, estendeu a mão
E apanhou uma flor
Que nas mãos do poeta
Transformou-se em brilho furta cor

Depois tocou o mar ali perto
E as águas escuras que eu via
Saldando o toque do poeta
No mesmo instante,
um azul profundo reflectia.
E o conjunto de mar, céu e estrelas
Com o simples olhar da poesia
Transformaram-se em encanto
E em inesperada magia.

Mas o mais surpreendente
Foi quando vi o poeta
Com seu olhar admirado
Tocar com a poesia
um casal de namorados
E assim o que seria
Apenas um encontro casual
Transformou-se, com o toque do poeta
Numa história de amor sem igual

E eu fiquei assim por um bom tempo
Sem muito mais a dizer
Apenas assistindo de perto
A poesia acontecer,
Admirada que estava
Da beleza contida
Na palavra transformada
Pela rima entoada
E pelo encanto de saber
Que a poesia tem esse Dom
de fazer, o sobrenatural acontecer.

Arlete Castro

14.03.2006

Todos os Direitos Reservados

Mulher

Ela é mulher
quando dá o primeiro sorriso meiguinho,

usa lacinho e se esconde entre os tons de rosa
que a definem bebé.


Ela mulher
quando dá os primeiros passos,
determinada a querer
e com os cabelos já meio crescidos,
cacheados, vai conquistando seu espaço,

e com seu jeito delicado,
encanta com sua graça
o coração do seu primeiro varão.

Ela é mulher
quando ainda menina,
brinca de boneca,
sonha em ser crescida,

e nas suas fantasias
molda o mundo onde quer viver.

Ela é mulher

quando cresce mais um bocadinho,
é adolescente, carente,

e chora de mansinho,
porque o primeiro amor não veio,
o primeiro beijo decepcionou
ou porque o mundo não é como sonhou.

Ela é mulher
quando enfrenta vida,
estuda, trabalha, conquista...
E ainda encontra um jeito.
E se cuida, se arranja, se enfeita, seduz...

Ela é mulher
quando ama, entrega o corpo
mas também a alma, a vida, os sonhos...
E traça planos, caminha de mãos dadas
Quer junto seguir em frente,
Enquanto reina como quem não sabe
E se rende ao fruto da semente

Ela é mulher
quando fecunda e gera vida,
dividi o corpo com alguém,
que cresce aos poucos
renovando entranhas
como uma história escrita,
ainda dentro da sua barriga.

Ela é mulher
quando em meio a dores de parto,
supera a natureza e ama a cria,
dá-lhe o peito,
aconchega o ser pequenino
e renova o milagre da criação...

Ela é mulher
quando gere a casa,
sustenta a mesa, a cama, a fé...
E ainda encontra tempo para
reparar no belo,
transforma-lo em arte
eternizá-lo...

Ela é mulher ainda
quando o tempo passa,
os cabelos já não tem cachos,
a neve os cobriu de branco,
a razão se foi embora,
seus amores partiram,
o corpo já não é igual,
e o tempo marcou-lhe a cara,
a história, a pele e o coração.

Ela é e sempre será mulher
Sonho perfeito do Artista da Criação.

Arlete Castro

04.03.2006

Todos os Direitos Reservados

Tuesday, August 12, 2008

Eterno

Andei em busca do Eterno
Estive em tantos lugares
ergui altares, andei errante
Vivi a vida num rompante
E encontrei o Querer que me disse:
que o lugar do Eterno não era ali

Busquei em grandes cidades
Na correria dos dias,
nas línguas que aprendia,
nas emoções que vivia
na coragem que sentia,
nos talentos, na sabedoria...
E encontrei o Sábio que me disse:
que o lugar do Eterno não era ali

Busquei nos rios, nos mares
Nas cores que enfeitam a terra
No céu que empresta Luz,
no brilho que seduz,
Nas estações definidas
No verde musgo paisagem
Nas casas brancas... miragem.
E encontrei o Belo que me disse
Que o lugar do Eterno não era ali

Busquei na letra escondida
Nas frases que se formavam
Nos pensamentos que chegavam
Na junção das palavras...poesia
Nos romances que criei,
Nos poemas e histórias que inventei
E encontrei a Poesia que me disse:
que o lugar do eterno não era ali

Busquei no homem que amei
Nos filhos que gerei,
nos amigos que encontrei
Nos relacionamentos saudáveis,
na comunhão
No colo de minha mãe,
No abraço de meu pai
Na amizade do meu irmão
E encontrei a Segurança que me disse:
que o lugar do Eterno não era ali

Busquei nos templos,
Nas relíquias,
nas imagens de adoração
No ritual aprendido
No ensino, na prática,
No desejo de perfeição
Nos altares da vida,
No homem intercessão...
E encontrei o Sagrado que me disse:
que o lugar do Eterno não era ali.

E então cansei de tanto buscar
Pois o lugar do Eterno
era impossível de achar
Fiquei assim em silêncio
Sem palavra sem chão
Quando senti de leve
Um toque de paixão
Foi então que percebi
Que o Eterno que eu buscava
Estivera sempre ali.
Deu-me querer, consagração
Segurança, aceitação
Esculpiu o belo ao meu redor
Fez da minha letra poesia
Do aprender sabedoria
E veio viver Eternamente
Dentro do meu coração.

Arlete Castro

21.02.2006

Todos os Direitos Reservados


Coração Lusitano

Que chão é este que eu piso?
Que cores são estas que eu vejo?
Que nuanças são estas que enchem meus olhos?
Que canto é este que quase parece meu?

Que língua é esta com este requinte?
Que pronuncia é esta que muda o meu falar?
Que povo é este que me acolhe todo dia?
Que gente é esta que já faz parte de mim?

Que fado é este que se ouve aqui e ali?
Que caravelas são estas que são relíquias aqui?
Que história é esta que faz o mar ser mais pequeno.?
Que ponte é esta que me trouxe daí?
Que amor é este que me faz permanecer?
Que esperança é esta que não me deixa desistir?
Que certeza é esta que me faz em terras lusas viver?

E que paixão é esta que tinge meu coração ?

É o chão lusitano, de estações definidas.
Que pintam as paisagens de nuanças e cores.
É a língua mãe dos poetas
que em português fazem seus versos.
É a canção triste que mostra a cultura.
É a história repleta de acertos e erros
É a vida que transborda em sangue lusitano.
É Deus comigo dirigindo meus passos
É Deus amando este povo por mim.

Arlete Castro

03.01.2006

Poema Publicado na 1ª Antologia dos Poetas do Café

Congresso Brasileiro de Poesias - 2006

Encontro

Enquanto os pés pisavam na areia
e a brisa suave tocava-lhe a face.
as ondas batiam serenas na encosta
entoando aos ouvidos doce melodia.

De olhos fechados ela permanecia.
Ninguém ao redor para além das cores.
Nada por perto, somente o mar com seu manto
e o céu que brincava de luz.
Com ela, as memórias recentes
E a busca incessante do amor que conduz.

Esquecida ela estava da correria dos dias.
Esperava em silêncio, aquietando os anseios,
desejosa apenas de um doce acalanto,
de presença, consolo, convicção...

Andava a mulher sem pressa, sem medo
em meio ao conforto dos passos seguros.
E a medida que andava, a areia atrevida
desenhava-lhe os pés,
trilhava pegadas, dava-lhe direcção...

Mas de repente marcas tão grandes
lhe encheram a visão.
Maiores que as suas, ao lado e em frente
Como um presente de compaixão.

Era um encontro marcado antes do querer.
O Amante da Alma chegou sem nada dizer.
Somente Sua doce presença a envolvia
em meio aquela suave maresia.

Não era preciso palavras para lhe convencer
Que ao lado dela Ele estava
Ao mesmo tempo que lhe ensinava,
que a trilha formada por passos tão grandes
Ia a sua frente, pisava por ela, sentia suas dores,
Ensinava-lhe a viver...

E aquele dizer sem palavras,
encheu-lhe o peito, tocou-lhe a alma
renovou-lhe o brilho, aqueceu-lhe o coração

E menina mulher também sem palavras,
caiu de joelhos, rendida, apaixonada.
Convicta que estava, do amor que a enchia
e em profunda gratidão, rendeu-se ao desejado acalanto
do Amante da Alma, Senhor da sua vida
artista excelente da grande criação,
mas que naquele momento vinha até ela
para ser o Deus do seu coração.

Arlete Castro

08.02.2006

Todos os Direitos Reservados

Pródigo de Mim
Baseado na Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-24)


A casa era aconchegante.
Gente aqui e ali,
Gerações que se pertenciam,
se entendiam, se perpetuavam...

Dentro de mim a inquietação
Dores guardadas,
E no meu trono, "eu"

Aquele era meu chão.
Meu canto, meu refúgio...
Abrigo e lugar seguro
Mas eu não sabia

E o coração inquieto,
sonhou com outros lugares
outra gente, outro chão...

Quis tomar conta de mim
Quis ser senhor do que era meu
Peguei as rédeas, tomei um rumo, fugi..

À frente uma estrada,
Imenso caminho, fácil de andar
sem tropeços, sem medos,
Só chão.

Dentro de mim a convicção,
ousadia, valentia
e poder que atraia
qualquer gente e parceria.

Ah! Como era perfeito!
Nenhum sonho desfeito
Minha vida me pertencia
E ainda no trono "eu"

Mas como neblina que passa
Me vi sozinho na estrada
Os bens se foram
E os parceiros também
E eu ali perdido,
no trono, e sem chão...

Continuei a andar,
mas o caminho era árido
as roupas não aqueciam
e não havia mais pão!

Cuidei dos porcos de alguém
Na busca de solução
E ali esquecido na estrada
Recordei-me do meu chão.

Prostrei-me cansado
Aparentemente derrotado
Quando as memórias voltaram
Do refúgio que eu não quis pra mim
Da segurança que eu quis evitar
Das moradas prometidas

e onde eu não quis ficar


Levantei-me decidido
A meu lugar no trono,

finalmente entregar

Assim, caminhei de volta à casa
Cansado, maltrapilho, faminto,
Em busca de perdão...
Encontrei um olhar cansado
De alguém que não desistiu.
E que olhava a estrada todo dia
Sabendo que eu voltaria.

Amou-me assim
Meu Pai amado.
Calçou-me os pés,
Vestiu-me um manto
E restaurou minha aflição.

Rendi-me a este amor
Que permitiu que eu fosse
Que andasse errante e peregrino
Até descobrir que precisava dar a Ele
O Trono do meu Coração.

Arlete Castro 02.02.2006

Todos os Direitos Reservados

Águas

Há esperança nas muitas águas

Elas fluem como rios

Rios de Água viva,

Água que abençoa,
que sara

Há promessas nas muitas águas

Porque são fonte de vida

De sede saciada
De unção

Há cura nas muitas águas
Porque elas trazem consigo o bálsamo

Que afugenta a dor e restaura o coração

Há certezas nas muitas águas

Porque elas nascem do trono de Deus

E jorram abundantes, incessantes...

Guiando os caminhos meus.


São o próprio Deus as muitas águas
Pleno, presente, atuante, real...


(baseado em João capitulo 4)



Arlete Castro
24.01.2006

Publicado na 1ª Antologia dos Poetas do Café
Congresso Brasileiro de Poesias - 2006 Todos os direitos Reservados


Arte

Arte é transformar
o ordinário em extraordinário.
Transformar o comum em belo,
o cotidiano em cores brilhantes,
o monótono em prazer,
o feio em bonito,
a letra em palavra,
a palavra em poesia,
em idéia,
em carne...,
em Caminho
e o que era
"sem forma e vazia"
em algo muito,
muito bom...
Arlete Castro 24.08.2005

Todos os Direitos Reservados

Paraíso

Prometeste-me um lugar
Contruíste uma ponte pra mim
Deste-me de ti
Seguraste a minha mão
Amaste-me

Mas naquela hora
o sol deixou de brilhar
um véu se rasgou por inteiro
E para quem via
Parecia que era o fim

E tu já não estavas
O seu rosto cansado,
Suado, abatido
Já não olhava para mim

Mas não!
Lembras-te quando
falaste do pão, da vida,
e do paraíso sem fim?

Acreditei.
E agora o que faço sem ti
O que faço com esta dor
que teima em me queimar o peito

Onde estão as moradas que
preparaste, onde estão as
palavras que me ensinaste
onde está o homem que eu amei?

Neguei-te e agora?
Já nem sei quem sou!
Uma lágrima rolou e eu calei
Andei sem rumo,
Quis voltar pra casa
Mas eu já não tinha lugar
Eu já não era daqui.

Mas num momento um sussuro
Chega até mim
Luz intensa que não consigo atingir
Não estou só há mais alguém
Alguém que fez a ponte para mim
Vejo, céu, veja a glória,
vejo o paraíso enfim.

Arlete Castro
01.10.2005

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Sopro de Vida



Oh abundante alegria
Que inunda o meu ser!
Que doce presença é esta,
que traz paz que não se entende
que renova esperança,
que guia
que traz alento
que ama ágape
que sofre no lugar
Que dá vida...
Eterna?


Arlete Castro
2005




OS DOIS

Ela era pequenina. Seus olhos vibravam de alegria como qualquer menina da sua idade. Tinha um sorriso rasgado e uma disposição incontida de descobrir a vida, encantar-se com as coisas vibrar de emoção. Ele era pequeno também. Mas nas feições e nos gestos de menino, já era possível imaginar a robustez e a firmeza que viriam depois. Os seus olhos eram como um espelho, mostrando-lhe a alma e revelando o seu ser. O sorriso de menino também encantava ao mesmo tempo que a vida fazia-o crescer... A frente de cada um havia uma estrada. Ela caminhava. Os passos pequenos mas firmes mostravam convicção, empenho, desejo de crescer... As vezes uma lágrima derramada aqui e ali, faziam-na hesitar mas a firme convicção de chegar a algum lugar levavam-na a prosseguir. E a cada passo ela ia transformando-se numa linda mulher. Ele caminhava também. E quanto mais andava observava que o caminhar era árduo. Mas seus passos eram decididos, movia-se em direcção a vida e a medida que andava ele também se transformava. Do pequeno menino a estatura de um quase perfeito varão.

Um dia enquanto andavam, estradas paralelas algo os transformou. Um brilho maior que o desejo de viver, de conquistar, de ser... Jesus encontrou-os na estrada da vida e fe-los de novo nascer... Agora a caminhada fazia sentido. E eles continuaram a andar. Mas já não estavam sozinhos. Havia alguém com eles. Alguém muito especial. Alguém que os amava tanto, e que num dado momento fez com que a estrada paralela, das suas vidas pudessem se encontrar. Naquele momento seus olhares se cruzaram, seus corações palpitaram e o amor aconteceu. Vida, doçura e encanto os envolveram e os levaram a prosseguir. Agora caminhavam de mãos dadas. A vida tinha mais cor. Objectivos e sonhos comuns iam moldando cada um transformando-os num só, até que um dia a perfeita unidade aconteceu. Não eram mais dois que caminhavam sozinhos, mas um. Dois seres com suas vidas entrelaçadas pelo amor e pela convicção de servir Aquele que um dia os alcançou. Não eram dois que caminhavam ali, mas três. Um cordão de três dobras, difícil de se partir. Ele , o varão quase perfeito. Ela a bonita mulher que Ele encontrou. E Jesus o Salvador, que por causa do imenso amor com que os amou a estrada das suas vidas transformou.

Arlete Castro 2003 - Casamento de Nuno e Márcia.

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Brasil

Vi um brilho em teus olhos castanhos.
O seu corpo erguia-se todo em direcção a alguma coisa,
Tua boca esboçava um sorriso
E as mãos estendidas, queriam tocar, queriam alcançar...
Era mulato por natureza
Jovem ainda, sonhando ainda, buscando ainda... Queria viver, queria existir, queria sonhar... Diziam que seu berço era esplendido
E os seus pequenos grandes passos
queriam pisar os lindos campos com mais flores.
Mas a medida que crescia e caminhava
o que os seus passos pisavam era um chão árido,
enquanto o sol continuava a brilhar, a atrair, a encantar muita gente a tua volta...
Enquanto andavas, a primeira lágrima rolou dos teus olhos,
O menino mulato, jovem ainda,
andava descalço enquanto os rios que eram teus,
continuavam seu curso e enquanto teus mares repletos,
não te olhavam nos olhos não te viam,
não se importavam
E continuaste a andar
Ao som da tua música típica
Tu ias caminhando com aquele gingado natural, só teu
A tua pele, ainda mais morena talvez pelo brilho do sol,
ou pela luta da vida, mostrava alguns sinais.
Estavas cansado.
Mas como um bom filho que não foge a luta
Tu continuavas, em meio as grandes cidades,
e a beleza natural que a ti pertencia.
Mas a ingenuidade da infância foi-te aos poucos roubada
Eras jovem ainda,
mas teus sonhos de menino,
deram lugar a realidade dos dias.
Dura, imprevísivel, carente...
Mas ao olhar-te agora
Não mais deitado eternamente em esplendor
Vejo uma convicção nos teus olhos
Não sei se só eu que acredito
Ou se ela está lá.
Vejo esperança nos teus olhos morenos
Sem o mesmo brilho juvenil,
da curta infância roubada,
Mas rodeado de gente, de campos e flores...
Que ainda acreditam que tens um caminho a andar,
um lugar para chegar
e um espaço que é teu para conquistar..

Brasil, olha pra cima. Há lá alguém que te ama e protege!

Arlete Castro
2006
Todos os direitos reservados.