Tuesday, February 24, 2009

Volúvel Pós-Modernidade


Volúvel Pós-Modernidade

Tu que andas por aí
perdida em emoções que não conheces
vê se cresces
porque descrente,
tu vais te tornar ainda mais doente
ao transformar o outrora singular
em plural que se vende
e mente sem nunca se encontrar.

Tu que és fruto
do que dantes foi moderno
és cidadã do mundo,
não tens pátria
nem pertences,
arrebata e vais em frente
sem sequer saberes andar.

Vilã e heroína,
vais te perdendo em cada esquina
nas prateleiras de ofertas repentinas,
que te levam ao afã de consumir
e gerir o teu destino
oh! que desatino!
que vontade de voltar
e ir ao encontro do lar!

Volúvel,
Tu te entregas
aos prazeres do momento
enquanto choras
no teu quarto escondida,
máscaras da vida
que te deram pra usar.

E a medida que secularizas a ferida
tu te negas e arrebatas
dizes que és livre e intocável
mas caminhas solitária
finges até saber voar,
enquanto teus pés desprotegidos
pisam o solo efêmero
da tal pós-modernidade
que só tem idade pra o midiático*
dar-te a desfrutar.

Menina,
então não vês
que o que desejas é o abrigo
e o aconchego
de quem te proteja do perigo,
porto seguro e referência,
um colo amigo
que toca a alma e emoção
e mostra-te,
para além do vento passageiro,
que, corriqueiro,
só faz calar coração?

Perdida,
volta para o lugar de onde saíste,
estás cansada,
embriagada deste mundo,
que de tão fundo
não te deixa respirar.

Vem, que há um Caminho a tua espera,
há uma saída para tua solidão,
abranda esse século acelerado
e deixa aflorar ternura e acalanto,
enquanto mãos eternas
enxugam o teu pranto...


Arlete Castro
Portugal
Janeiro - 2009
Arco Íris

Era um dia qualquer
chovia tanto que apetecia ficar
mas o quotidiano impunha-se
ele nos apressa a trabalhar

Era uma manhã sem muitas cores
e eu conduzia devagar
o frio arrepiava a emoção
que calada esperava
para poder me despertar.

Eram notas soltas no ar
de uma canção que eu nem ouvia
enquanto me perdia
entre gente ocupada,
apressada, sem ver…
e a chuva não perdoava
alagava as ruas,
e calava a sensação
de que muito mais havia
do que apenas a sinfonia
das gotas de chuva
inundando meu chão.

Era tudo muito igual
até que num instante
o sol mostrou sua cor
e no meio da chuva fria
sorriu-me um bom dia
e um arco-íris
em sua tela pintou.

Era um toque de Deus
mostrando seu esplendor
transformando um dia qualquer
na certeza do cuidado
de cercar com sua presença
o meu dia a dia cansado.

Sorri de volta pro sol
enquanto orava baixinho
por reconhecer
que as cores se criam
a cada amanhecer.

Arlete Castro
07 de Fevereiro de 2009