Era pequenina ainda e já brincava com as letras. Gostava de juntá-las e transforma-las em versos de menina. De rimas não sabia, mas sabia que as palavras não eram um ajuntamento de letras. Eram encanto, poesia, prosa...
Tuesday, September 22, 2009
Que Pena do Tempo!
Que Pena do Tempo!
Se o tempo tem pena
que vai e que vem
escrevendo a historia
sem esquecer ninguém,
Então desperta a mocinha
que não sai da janela,
antes que a pena do tempo
passe antes da banda
nas ruas da vida dela.
Consola a senhora
que chora sozinha
e mostra-lhe memórias
que nem a pena do tempo
pode apagar da sua história
Lê no rosto singelo
do homem que é velho,
as marcas que ao tempo
pensou pertencer
mas que falam de amores,
de sonhos e dores
e de uma vida
que vale a pena viver.
E conta ao poeta
que o tempo tem pernas
que as vezes anda
outras vezes espera,
mas que os versos que escreve
tem asas que o tempo
não pode deter
pois eternizam o amor
que doeu em mim
e exalou de você.
Tem pena da pena
com começo e fim
e mostra-lhe a letra
escrita por ela
eternizando o momento
que o tempo levou
cravando pra sempre
em letra eternas
alegrias e sonhos
e tempos de dor
as suas histórias
e os seus contos de amor!
Arlete Castro
Agosto de 2009
Tuesday, September 8, 2009
Plantio
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Co-autores – Arlete Castro e Mauro Veras
.
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Brincar com palavras desde sempre
nos temas presentes na existência
buscar a gema preciosa do vocábulo
sua essência, em campos abandonados
fluir em inspiração e lapidar
os caminhos e seus encantos ...
eis a sina que carrego comigo.
No abrigo de um caderno amarrotado
que trago na mente
nas mãos, através dos dias
o mundo além dos traços denuncia
o cotidiano como tela
nem sempre macia,
nem sempre de pedra,
mas a vida eternizada
como fosse uma aquarela.
E entre formas e reformas
a linguagem da alma se conforma em versos
E quem bebe desta água sequer desconfia
que os dedos que tecem e fiam minha lavra
são os mesmos que acariciam o desespero
e seus medos, conformando a dor em magia.
Brincar com palavras enquanto passam os dias
destravar as aldravas
abrir a janela da alegria
fazer do tempo que caminha devagar
algo mais do que a rotina que me prende
semear a terra árida que transcende sua aridez
e transpira na alma a semente que se faz poema
e caminhar e transcender ...
e renascer poesia.
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Arlete Castro & Mauro Vera
Maio de 2009
Monday, September 7, 2009
Gigante Menino
Gigante Menino
Era gigante o menino
Há muito que não o via.
Pensei encontrá-lo
Em berço esplendido deitado,
Mas quando o vi
Estava ferido, cansado...
A casa era a mesma
Rodeada de palmeiras,
Cheiro à maresia,
Poetas e boa companhia.
Mas o menino chorava.
Sentia saudades do sabiá
Que dantes gorjeava por cá.
Do brado heróico do seu povo
Que cessou de ecoar
Porque teme a morte
Que invade morros, cidades...
Atropela a sorte,
Aterra na segurança do solo
E não pára, explode...
O gingado era o mesmo.
Popular trilha sonora da sua história,
Mas o verde louro da sua flâmula,
Perdeu a fama, desbotou...
E o ouro, amarelo legado,
Outro menino roubou.
Cresceu o mulato menino.
Deixou Inocência na favela
E sem tempo,
Trabalha... Batalha...
Engaveta suas mazelas
E vai sambar...
Continua belo
O gigante menino
Adornado por um céu
Ainda risonho
Aonde a lua vem brincar.
Ele acredita, tem fé na vida.
Enxuga as lágrimas
Na esperança verde do relvado,
E ecoa um grito guardado
É apenas um menino
Que não desistiu de sonhar...
Arlete Castro
Agosto de 2007
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