Era pequenina ainda e já brincava com as letras. Gostava de juntá-las e transforma-las em versos de menina. De rimas não sabia, mas sabia que as palavras não eram um ajuntamento de letras. Eram encanto, poesia, prosa...
Monday, September 20, 2010
Busca
Cirando em busca de mim mesma
chamo-me a mim identidade
mas o retrato amarelado
já não me mostra mais…
e se desfaz entre as letras
escritas no passado empoeirado
que não traduz meu nome.
Olho pela fresta na janela
e clamo pela cor amarela
que adentra meu recinto
invade o eu que não sinto
e traz nos raios um misto
de saudade e esperança
que dançam para mim.
Mas mesmo assim
desfaço-me em fortalezas,
a emoção já não seduz
e este sonhar teimoso
já não é o que me traduz.
Fujo do eu que não conheço
deixo meu olhar sozinho
e escondo-me protegida
enquanto a alegria
passa em vão por minha vida.
Porém, esta conjunção teimosa
insiste em me fazer voltar
mostra-me o belo
e os meus olhos chamam por mim.
Toco a margarida que acabou de aflorar
Ela é tão branca e amarela!
perdida entre os verdes do quintal
sem dizer nada, mostra-me a vida
e chama-me a esquecer o temporal.
Cirando em busca da Verdade
ando a procura da minha identidade
rendo-me aos meus olhos
e ao que eles querem ver
e ainda trémula
sopro a poeira dos meus sonhos,
encontro a Rocha
que desfaz as fortalezas,
revela-me o eu que reconheço
enquanto a saudade e a esperança
insistem em me fazer dançar.
E o meu eu deixa-se por fim levar
dança comigo, me refaz
e entre passos indecisos
pouco a pouco,
posso outra vez acreditar!
Arlete Castro
03.11.2008
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