Era pequenina ainda e já brincava com as letras. Gostava de juntá-las e transforma-las em versos de menina. De rimas não sabia, mas sabia que as palavras não eram um ajuntamento de letras. Eram encanto, poesia, prosa...
Monday, September 20, 2010
Busca
Cirando em busca de mim mesma
chamo-me a mim identidade
mas o retrato amarelado
já não me mostra mais…
e se desfaz entre as letras
escritas no passado empoeirado
que não traduz meu nome.
Olho pela fresta na janela
e clamo pela cor amarela
que adentra meu recinto
invade o eu que não sinto
e traz nos raios um misto
de saudade e esperança
que dançam para mim.
Mas mesmo assim
desfaço-me em fortalezas,
a emoção já não seduz
e este sonhar teimoso
já não é o que me traduz.
Fujo do eu que não conheço
deixo meu olhar sozinho
e escondo-me protegida
enquanto a alegria
passa em vão por minha vida.
Porém, esta conjunção teimosa
insiste em me fazer voltar
mostra-me o belo
e os meus olhos chamam por mim.
Toco a margarida que acabou de aflorar
Ela é tão branca e amarela!
perdida entre os verdes do quintal
sem dizer nada, mostra-me a vida
e chama-me a esquecer o temporal.
Cirando em busca da Verdade
ando a procura da minha identidade
rendo-me aos meus olhos
e ao que eles querem ver
e ainda trémula
sopro a poeira dos meus sonhos,
encontro a Rocha
que desfaz as fortalezas,
revela-me o eu que reconheço
enquanto a saudade e a esperança
insistem em me fazer dançar.
E o meu eu deixa-se por fim levar
dança comigo, me refaz
e entre passos indecisos
pouco a pouco,
posso outra vez acreditar!
Arlete Castro
03.11.2008
Sunday, July 25, 2010
Além da Liberdade
"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada." Clarice Lispector
Sim, eu quis ser livre.
olhei o mundo que dantes só via através duma fresta
moldado pelo limitação de um parapeito
e fui embora deixei o medo covarde e saí dali pra fora…
Mas cedo percebi a sedução da tal liberdade palpável
que me despertava a emoção
mas que não me dava asas
e era aquém do que eu imaginava
Descobri até nos sonhos meu limite
moldado pelo inconsciente aprisionado
desejoso apenas do que consta verdadeiro
tal qual o parapeito da janela no passado
que buscava seu sentido no esvoaçar de um cortinado.
Por isso não nomeio o que desejo
hoje ele vai além da liberdade que tive
e descobri tão limitada,
concreta demais para preencher
esse querer que me transcende…
Assim quero uma verdade que se invente
e produza algo mais que coragem
de viver para além de uma janela
mas ultrapasse e se construa sem limites…
tal qual a chama que consome a vela.
Arlete Castro Portugal
olhei o mundo que dantes só via através duma fresta
moldado pelo limitação de um parapeito
e fui embora deixei o medo covarde e saí dali pra fora…
Mas cedo percebi a sedução da tal liberdade palpável
que me despertava a emoção
mas que não me dava asas
e era aquém do que eu imaginava
Descobri até nos sonhos meu limite
moldado pelo inconsciente aprisionado
desejoso apenas do que consta verdadeiro
tal qual o parapeito da janela no passado
que buscava seu sentido no esvoaçar de um cortinado.
Por isso não nomeio o que desejo
hoje ele vai além da liberdade que tive
e descobri tão limitada,
concreta demais para preencher
esse querer que me transcende…
Assim quero uma verdade que se invente
e produza algo mais que coragem
de viver para além de uma janela
mas ultrapasse e se construa sem limites…
tal qual a chama que consome a vela.
Arlete Castro Portugal
Friday, July 16, 2010
Camuflada
"O Poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor... a dor que deveras sente" Fernando Pessoa
É tão complexo meu fingimento
Que se quer vejo a verdade que ele esconde
Tão disfarçada e atarefada
Em aquietar meu peito e refazer o leito delator
É tão vincada a dor que agora sinto
Que confundo-a com meu nome
Engano e finjo que a dor sou eu
Enquanto forjo versos repletos de paixão
Que sem a dor são apenas rimas
Onde escondo meu coração acelerado
Sem perceber que são meus versos
que me revelam fingidor
Confesso um sonho inacabado
Sou capaz de despertar a emoção
Danço conforme a inspiração
Faço versos, descrevo meus sentidos
Mas a dor que deveras sinto
Continua aqui…
camuflada em ilusão.
Arlete Castro
Março de 2010
Inexplicável
"Explicar a manhã é anular-lhe e apagar todo o silêncio que existe na poesia". (Sandra Costa)
É verdade
Não há como explicar o amanhecer
Porque por mais que lhe descreva a luz
Falta palavras em meu poema
Para revelar o quanto seu brilho seduz.
Se descrever as últimas gotas do orvalho
Ou o canto dos pássaros ao redor
E a noite que dá lugar ao dia
Limito a beleza a dimensão que vejo
E corro risco de ocultar
O esplendor que dele se irradia
.
Posso falar da chuva a brincar com o arco-íris
Ou dos primeiros raios de sol à beira-mar
Mas por mais que procure não encontro
Uma maneira certa de explicar…
Deixo então que a poesia
Oculta nas palavras que escrevo
Traduza em silêncio, a ousadia
Da beleza que transborda de manhã
Esperança que renasce em mais um dia
Vestida de sons cores,
Pura poesia…
Arlete Castro
31.03.2010
É verdade
Não há como explicar o amanhecer
Porque por mais que lhe descreva a luz
Falta palavras em meu poema
Para revelar o quanto seu brilho seduz.
Se descrever as últimas gotas do orvalho
Ou o canto dos pássaros ao redor
E a noite que dá lugar ao dia
Limito a beleza a dimensão que vejo
E corro risco de ocultar
O esplendor que dele se irradia
.
Posso falar da chuva a brincar com o arco-íris
Ou dos primeiros raios de sol à beira-mar
Mas por mais que procure não encontro
Uma maneira certa de explicar…
Deixo então que a poesia
Oculta nas palavras que escrevo
Traduza em silêncio, a ousadia
Da beleza que transborda de manhã
Esperança que renasce em mais um dia
Vestida de sons cores,
Pura poesia…
Arlete Castro
31.03.2010
Tuesday, January 26, 2010
Flores Amarelas
Flores Amarelas
No caminho que me leva à casa
Há flores amarelinhas
que no meio da relva verde
Crescem exuberantes
Dizendo não ao inverno,
ao sol que não aquece
e ao vento cortante
que a pele estremece.
Elas surgem aos poucos
E sem que se de conta
Vão colorindo a paisagem
surgindo como miragem
na tela cinzenta
que o inverno pintou.
E como princesas serenas
vestem-se de cor e perfume
sem fazer conta do lume
que nas lareiras acesas
ainda exalam calor.
No caminho que leva ao meu coração
também há flores amarelinhas
Crescem exuberantes
Dizendo não a solidão,
a lágrima que me envelhece
e ao medo cortante
que a pele estremece.
Elas surgem aos poucos
E sem que se dê conta
Vão tingindo de cor
curando toda dor
transformando o cinza
sem vida,
em esperança renhida
no formato de uma flor.
E como princesa serena
visto-me de cor e perfume
esqueço velhos costumes
sem temer o inusitado
deixo o inverno de lado
e vou....
Afinal, no caminho da minha casa
Há flores amarelinhas...
Arlete Castro
10.02.2008
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