Tuesday, August 12, 2008



Brasil

Vi um brilho em teus olhos castanhos.
O seu corpo erguia-se todo em direcção a alguma coisa,
Tua boca esboçava um sorriso
E as mãos estendidas, queriam tocar, queriam alcançar...
Era mulato por natureza
Jovem ainda, sonhando ainda, buscando ainda... Queria viver, queria existir, queria sonhar... Diziam que seu berço era esplendido
E os seus pequenos grandes passos
queriam pisar os lindos campos com mais flores.
Mas a medida que crescia e caminhava
o que os seus passos pisavam era um chão árido,
enquanto o sol continuava a brilhar, a atrair, a encantar muita gente a tua volta...
Enquanto andavas, a primeira lágrima rolou dos teus olhos,
O menino mulato, jovem ainda,
andava descalço enquanto os rios que eram teus,
continuavam seu curso e enquanto teus mares repletos,
não te olhavam nos olhos não te viam,
não se importavam
E continuaste a andar
Ao som da tua música típica
Tu ias caminhando com aquele gingado natural, só teu
A tua pele, ainda mais morena talvez pelo brilho do sol,
ou pela luta da vida, mostrava alguns sinais.
Estavas cansado.
Mas como um bom filho que não foge a luta
Tu continuavas, em meio as grandes cidades,
e a beleza natural que a ti pertencia.
Mas a ingenuidade da infância foi-te aos poucos roubada
Eras jovem ainda,
mas teus sonhos de menino,
deram lugar a realidade dos dias.
Dura, imprevísivel, carente...
Mas ao olhar-te agora
Não mais deitado eternamente em esplendor
Vejo uma convicção nos teus olhos
Não sei se só eu que acredito
Ou se ela está lá.
Vejo esperança nos teus olhos morenos
Sem o mesmo brilho juvenil,
da curta infância roubada,
Mas rodeado de gente, de campos e flores...
Que ainda acreditam que tens um caminho a andar,
um lugar para chegar
e um espaço que é teu para conquistar..

Brasil, olha pra cima. Há lá alguém que te ama e protege!

Arlete Castro
2006
Todos os direitos reservados.

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