Encontro
Enquanto os pés pisavam na areia
e a brisa suave tocava-lhe a face.
as ondas batiam serenas na encosta
entoando aos ouvidos doce melodia.
De olhos fechados ela permanecia.
Ninguém ao redor para além das cores.
Nada por perto, somente o mar com seu manto
e o céu que brincava de luz.
Com ela, as memórias recentes
E a busca incessante do amor que conduz.
Esquecida ela estava da correria dos dias.
Esperava em silêncio, aquietando os anseios,
desejosa apenas de um doce acalanto,
de presença, consolo, convicção...
Andava a mulher sem pressa, sem medo
em meio ao conforto dos passos seguros.
E a medida que andava, a areia atrevida
desenhava-lhe os pés,
trilhava pegadas, dava-lhe direcção...
Mas de repente marcas tão grandes
lhe encheram a visão.
Maiores que as suas, ao lado e em frente
Como um presente de compaixão.
Era um encontro marcado antes do querer.
O Amante da Alma chegou sem nada dizer.
Somente Sua doce presença a envolvia
em meio aquela suave maresia.
Não era preciso palavras para lhe convencer
Que ao lado dela Ele estava
Ao mesmo tempo que lhe ensinava,
que a trilha formada por passos tão grandes
Ia a sua frente, pisava por ela, sentia suas dores,
Ensinava-lhe a viver...
E aquele dizer sem palavras,
encheu-lhe o peito, tocou-lhe a alma
renovou-lhe o brilho, aqueceu-lhe o coração
E menina mulher também sem palavras,
caiu de joelhos, rendida, apaixonada.
Convicta que estava, do amor que a enchia
e em profunda gratidão, rendeu-se ao desejado acalanto
do Amante da Alma, Senhor da sua vida
artista excelente da grande criação,
mas que naquele momento vinha até ela
para ser o Deus do seu coração.
Arlete Castro
08.02.2006
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